1
INTRODUÇÃO
Na sociedade em que vivemos podemos perceber
as diferenças entre seus indivíduos,desde as mais simples ,como diferenças
físicas e sociais, até as mais comuns como raça,sexo,cultura entre outras,no
entanto,queremos através desse trabalho refletir sobre a histórica desigualdade
social do nosso país,que por conseqüência reflete na deficiência de uma cultura
escolar. O capitalismo é apontado como fator principal para essa desigualdade
que faz história desde o sec. XVlll,dando origem a relação entre o capital e o
trabalho.A sociedade medieval tinha como característica a riqueza do senhor feudal,enquanto
os trabalhadores apenas cuidava dos bens do patrão que usava a fé cega em Deus
como mecanismo de fidelidade e dedicação.
Para Marx ,a desigualdade é o produto de um
conjunto de relação pautado na propriedade,no poder de dominação,na falta de
uma educação de qualidade,entre vários outros fatores.As classes sociais
formam-se pelo situação econômica e sócio-política do indivíduo. Essa
desigualdade não é apenas econômicas mas também intelectuais,pois o operário
não tinha o direito de desenvolver sua capacidade intelectual.Na sociedade
industrial o conhecimento técnico-prático era a porta de entrada para a
ascensão social,já na sociedade da
informação o conhecimento teórico proporciona ao indivíduo a capacidade
decodificar e filtrar as informações.A educação é fonte de transformação e
geração de conhecimento,então o aumento
do tempo de escolaridade do indivíduo o torna capaz de aprender a aprender.
1. A
desigualdade social como estudo sociológico
O Brasil é um país desigual,exposto ao desafio histórico
que enfrenta a herança de injustiça social,excluindo grande parte da população
ao acesso mínimo a dignidade e
cidadania.Desde a época do Brasil colônia,quando Portugal detinha todos os
recursos(pau-brasil,cana-de-açúcar,,ouro,etc),passando pela produção
agrícola,depois pela implantação da indústria no Brasil,a supremacia de uma
classe em detrimento a outra sempre foi evidenciada pela posse da
propriedade.Tivemos um progresso em
relação aos direitos trabalhistas como a regulamentação das horas trabalhadas,a
proibição do trabalho infantil,o FGTS,férias remuneradas entre outros ,os
direitos civis,como o direito do voto pela mulher,o crescimento empresarial,o
aumento gradual e contínuo das riquezas ainda são desfrutados por em sua
maioria donos de indústrias,banqueiros resultando em uma disparidades enormes
entre ricos e pobres . As cinco mil famílias mais ricas no Brasil representam o equivalente a
0,001% das famílias brasileiras e
possuem a 40% do produto interno bruto,enquanto 34 milhões de pessoas vivem em
situação de extrema pobreza.
A disparidades sociais ,a extrema concentração de renda,o desemprego que
atinge milhões de brasileiros ,a desnutrição,a marginalidade e a violência são
expressões do grau que chegaram as desigualdades sociais em nosso país,que são
produzidas por um conjunto de relações que abrangem as esferas da vida social.
Quando falamos em
desigualdade,refletimos também no princípio da igualdade que tem como
fundamento livrar o sujeito de sua vida excludente,e lhe mostrar um futuro
melhor e que dependerá somente de suas escolhas,libertando-o do determinismo
que historicamente é debatido nos sistemas públicos de ensino,pois as relações
entre as desigualdades sociais e as escolares não são perfeitamente uniformes.
2.Desigualdade social e educação escolar
Hoje,a educação
brasileira vem acompanhada de um discurso de inclusão,de oferecer oportunidades
iguais para todos,visando o princípio da igualdade,justiça e a não
exclusão.Partindo da idéia que educadores e toda a escola estão trabalhando
nessa tarefa,que aparentemente contribui para a diminuição ou não da
desigualdade social. A democratização das oportunidades trouxe uma falsa
concepção de universalização do direito à educação, e é reforçada pelo Estado
que maquia a desigualdade e oculta a negação de um direito básico à sua
população.Historicamente a escola tem papel fundamental na transformação do
indivíduo tanto na formação da sua vida pessoal quanto na profissional,é um
espaço de socialização e cidadania onde o conhecimento é produzido. O homem é um ser social e
histórico,transformador de si mesmo e da natureza,e em busca da satisfação de
suas necessidades básicas,encontra na escola ,uma instituição para formação de
consciência e emancipação social,no entanto a escola é um patrimônio construído
pela humanidade para produzir e reproduzir conhecimento e não apenas para
preparação de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho,como a maioria
dos estudantes acreditam.
A instituição
escolar não consegue abarcar todos os problemas da atual sociedade,como se fala
na atualidade, com a justificativa de que,sendo um ambiente democrático a
justiça será feita por meio do princípio da igualdade acabando com a
desigualdade social.
A classe dominante e seus interesses
delimitaram a Educação, pois a necessidade de apropriar-se de técnicas
refinadas para uma mão de obra
qualificada nos trabalhos pós Revolução
Industrial,levou-os a compreender a Educação como elemento fundamental para a
manutenção da desigualdade social,enquanto, a classe dominada,que até 1930,era predominantemente
agrária, sofria com a redefinição da economia agora industrial,causando o
desemprego.Esse fato traz como conseqüência um comportamento visto como
indisciplina e por conseguinte a violência aparece também dentro da sala de
aula,pois a inclusão acabou tendo um efeito contrário àquele esperado pelos
governantes.
No outro lado,existem os educadores,mal
remunerados e reconhecidos enfrentam a desigualdade econômica e social dentro
da sala de aula,por vezes,os alunos que não tem suas necessidades básicas
supridas,comportam-se de maneira indisciplinada e violenta dando uma resposta
desafiadora à autoridade do professor.A própria constituição física e
intelectual do aluno pode provocar nele sentimentos de inferioridade,que são
exteriorizados através da indisciplina e até a violência.Santo Agostinho ,já
escreve sobre esses comportamentos que são pecualiares dos jovens,tanto pela
imaturação,quanto pelo déficit no entender os conteúdos escolares.Ainda
contribuem para essa problemática,a falta de interesse pela matéria, que no seu
entender jamais a usará para seu cotidiano,dificuldade no aprendizado,tem
déficit de atenção,já que as redes sociais são muito mais interessantes nesse
momento de sua vida,colocando-os conectados ao mundo e desconectados na
escola, o autoritarismo do professor
,que não consegue estimular seus alunos,a
,pobreza,fome,abandono,carências,inseguranças,problemas emocionais
,assim como relacionamento difícil entre
professor/aluno,aluno/professor,aluno/aluno. A forma de proceder do professor diante
dos alunos que apresentam esses comportamentos deveria ser a de estimular seu
aprendizado,no entanto,como existe uma meta educacional a bater,vinda do
Governo, o que se observa é que se tenta “nivelar” as salas de aula de acordo
com os alunos considerados mais aptos,sendo a maioria aqueles que tem suas necessidades básicas supridas,e
os alunos com não tão aptos,que são esses desprovidos de todo o tipo de
qualquer tipo de cidadania.
A escola deveria ocupar seu
lugar que é o de destaque na formação de toda a sociedade,não como a “tábua de
salvação”,como já dissemos,mas a de repasse de saberes elaborados,em busca da
emancipação do homem.Seu papel é determinante na formação de uma sociedade mais
justa.Para que isso ocorra é necessário uma mudança em todo o sistema escolar.A
escola precisa de aproximar da realidade do aluno,entender suas expectativas e
desejos e socializá-los nas questões escolares adequando os projetos
pedagógicos.
3-Desigualdade social e a cultura escolar
Ao observarmos com
tristeza os índices de pessoas de origem humilde que terminam um curso
superior,em relação aos filhos da elite ,fica ainda mais evidente que o capital
cultural também é voltado para o capital econômico.Segundo Bourdieu o capital
cultural,ou cultura escolar é uma forma de visualizar a desigualdade de
desempenho escolar das crianças que fazem parte de distintas classes sociais.A
diferença entre as escolas freqüentadas pelos ricos é muito diferente da escola
pública,tanto em infra-estrutura como plano pedagógico.Os alunos não ficam sem
aula,já na escola pública,segundo estudos realizados,42% dos alunos não tiveram
pelo uma aula programada.O uso das tecnologias nas escolas da classe A,(vamos
assim chamar) é freqüente,já na escola pública o uso do celular é proibido,e os
computadores destinados aos alunos são usados esporadicamente,ou seja,a falta
de preparado do professor,afasta o aluno de um aprendizado mais digno.
Estes alunos não
são iguais,e são avaliados igualmente,ou seja,aquele aluno que possui um nível
cultural e econômico mais elevado terá mais chances de terminar um curso
superior, passa no processo seletivo do vestibular para as Universidades
Federais,conquistam um emprego de melhor remuneração,enquanto o outro da classe
inferior ,com todas as dificuldades sociais que enfrenta, terá como certo o
fracasso escolar ,e o abandono daquilo que poderia ser o ponto para sua
emancipação diante de uma sociedade que o exclui e que afirma que o está
incluindo. Não existe igualdade nem mesmo intelectual,já dizia Skinner
psicólogo ,conhecido pela teoria do comportamento ,um ambiente com muito
estímulos,resulta em grandes aprendizados,já a falta dele ,terá como
conseqüência pouco ou nenhum aprendizado.Bourdieu(1998) ressalta que a escola é
responsável por perpetuar a desigualdade social,pelo próprio modo de esnsinar,restringindo
a si mesma o papel de proteger os privilégios e não de transmitir estes
privilégios,embora houve uma abertura dos bancos escolares para as classes
menos favorecidas,mas a permanência,a conclusão dos estudos ainda é privilégio
de poucos.A falta de igualdade de oportunidades não é apenas injusta,ela traz
um grande desperdício de talentos,pois pessoas que poderiam estar desenvolvendo
um trabalho mais intelectual ou de pesquisa científica,estão trabalhando na
produção das fábricas para garantir o sustento de si e de sua família.
Revisão bibliográfica
Como dizia Karl Marx:¨A história da sociedade até os dias de hoje é a
história da luta de classes.”
O chamado Welfare State,em 1940 na Inglaterra,em uma política
social-democrata,surge para organizar as relações sociais capital-trabalho,que
tem como maior característica os seguros-sociais e o salário –família.
Nessa época houve a substituição da idéia de assistência social por política
social ,onde os governos procuravam sanar as necessidades básicas de
trabalhadores descapitalizados por causa de um capitalismo crescente e
selvagem.
Já no neoliberalismo,a
liberdade de comércio na idéia de Adam Smith,se desenvolve de uma forma mais
agressiva,dando origem a globalização onde não existe fronteiras e nem o Estado
participa na intervenção do mercado de trabalho.
O interesse das empresas multinacionais não é o de geração de
empregos,mas na livre circulação de mercadorias,onde a mão-de-obra barata
(quase escrava)gera um produto barato,vendendo mais internamente e também
exportando cada vez mais.
Os neoliberais são contra a intervenção do governo no regulamento dos
preços e produtos,pois a lei de oferta e da procura é o que faz a
regulamentação dos preços.O exemplo disso,é os produtos chineses que entram no
mercado brasileiro,com qualidade e preço muito inferior daqueles praticados
pela indústria brasileira que cumprem regras,leis e impostos vigentes nas leis
do Brasil.
A pior crítica ao neoliberalismo é o baixo salário ,desemprego e conseqüentemente surge a
desigualdade social e escolar,pois o poder econômico está nas mãos de uma
classe ,que defendem o neoliberalismo com o discurso de que o desenvolvimento
tecnológico e econômico proporcionará o avanço necessário para as
desigualdades(social e escolar) sejam amenizadas.
Os primeiros conceitos de direitos humanos,datam da antiguidade e tem
como marco principal o Código de Hamurabi,na Babilônia,no século XVllla.C.
Em 1215 ,a Inglaterra deu início a elaboração da Carta Magna,que trazia
em seu bojo o habeas corpus,tal como é conhecido hoje como a proteção do
corpo,que tornou-se universal com o passar dos anos.
A partir do século XVlll com a Revolução Francesa houve as primeiras idéias
de cidadania e direitos,e dentro de um discurso burguês a garantia dos direito
individuais,conjunto dos direitos
individuais e políticos.
As revoluções,como a Revolução Mexicana,a Revolução Russa,culminou na
elaboração da declaração dos direitos do povo,dos trabalhadores e dos
explorados,em 1918.
A Revolução Industrial trouxe como benefício incansáveis debates sobre
os direitos dos trabalhadores,embora a grande desigualdade social, agravava
ainda mais a vida das pessoas.
A força dos trabalhadores ,e as atrocidades e banalização da pessoa
humana da ll Guerra Mundial e do
fascismo fez com que as autoridades das
Nações unidas fizessem com que os tratados internacionais dos direitos humanos
criassem obrigatoriedade entre os Estados,para a preservação da vida e da
segurança das pessoas.
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos no seu preâmbulo diz:
“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os
membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o
fundamento da liberdade,justiça e da paz no mundo.”
Os Direitos Humanos garantem alguns direitos como igualdade,à vida,à liberdade de opinião e de
expressão ,o direito ao trabalho e a educação,entre outros também
importantes.São direitos universais e ninguém pode ser deles privados.No
entanto o que vemos,e assistimos pelos canais de comunicação,em todo os lugares
do mundo é a privação dos mesmo.
Na Carta das Nações (1945),no seu artigo 62.1 diz:
“O Conselho Econômico e Social fará ou iniciará estudos e relatórios a
respeito de assuntos internacionais de caráter econômico,social,cultural
educacional ,sanitário e conexos e poderá fazer recomendações a respeito de
tais assuntos à Assembleia Geral e aos membros das Nações Unidas e às entidades
especializadas interessadas.
Poderá igualmente fazer recomendações destinadas a promover o respeito e a observância dos
direitos humanos e dasliberdades fundamentais para todos.”
O artigo XXlll ,nda Declaração Universal dos Direitos Humanos das
Nações Unidas,nos tópicos 1,2,3 protege o cidadão das desigualdades sociais
,quando no tópico 3 regulamenta:
“Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória que lhe assegure assim como à sua família,uma existência
compatível com a dignidade humana ,e a que se acrescentarão,se necessário
outros meios de proteção social.”
As condições em que vivem as
pessoas que moram nas favelas,cortiços ,embaixo de viadutos ,pontes e marquises
de prédios é uma afronta ao que acabamos de citar.
“Todos são iguais perante a lei”.
O direito ao trabalho digno,ao
de participação nas riquezas e direitos na Educação ,são conquistas
praticamente desconhecidas pelos cidadãos,e por isso três a cada dez crianças
abandonam a escola definitivamente antes de completar o ensino fundamental para
ajudar no sustento familiar.O investimento financeiro na educação dessa
crianças está entre dois ou três mil reais ano,enquanto do outro lado os mais
“bem nascidos”,incluindo cursos de línguas,viagens culturais,aulas particulares
etc os trinta mil reais ano.Ao longo da vida esse investimento chega a meio
milhão ou até mais que isso.
A desigualdade na formação,combinada com a dependência da renda de uma
pessoa adulta com sue nível de escolarização forma um círculo vicioso e
perverso.
Ao dar uma escola medíocre as crianças e jovens desfavorecidos,estamos
contribuindo para a perpetuação das desigualdades econômicas aceitando com
facilidade os desígnios das elites econômicas brasileiras.
CONCLUSÃO:
Através
desse estudo percebemos que a reprodução da desigualdade social e
educacional,ocorre silenciosamente no ambiente escolar,pelo próprio
sistema,visualiza-se o oculto,o direcionamento governamental e prossegue
efetuando uma inclusão social excludente,que determinará ao aluno oriundo das
classes populares que ele é incapaz,não tem mérito e por isso deverá vender(ou
quase doar)seu único bem:A força de seus braços.Hiliete
Palestra sobre Desigualdade Social no Brasil
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