quinta-feira, 10 de maio de 2012

Revisões das edições do manual das doenças mentais Cap.12 Referências: Zahar. J. OS FUNDAMENTOS DA CLINICA.cap12, Navarin Editeur.Paris.França


Em 1883,o Compêndio de Psiquiatria, com 380 páginas surgiu como um pequeno manual, mas no decorrer de 30 anos vários acréscimos teriam dado a esse manual 2.500 páginas, colocando em ordem o campo das doenças mentais.
A princípio ,Kraepelin tinha uma posição bem próxima de Ziehen, quanto a classificação das doenças mentais, distinguindo os estados depressivos, estados crepusculares estados de excitação , Psicose periódica, delírio sistematizado, demência paralítica, e estados de fraqueza psíquica.
Sendo aluno de Wundt, Kraepelin  estava convencido como Pinel que a investigação psicológica era indispensável podendo fornecer instrumentos valiosos a análise clínica.
Na segunda edição(1887) registrou várias e grandes modificações: Melancolia, Mania, delírio, estados de esgotamentos agudo, Wahnsin, loucuras periódicas e circular, delírio sistematizado, neuroses gerais, intoxicações crônicas, demência paralítica, estados de enfraquecimento, estados de enfraquecimento secundário, Suspensão do desenvolvimento psíquico.
A preocupação com o detalhamento  e precisão dessa nova classificação merece nossa observação, a inclusão das obsessões  na loucura neurastênica e a separação entre as psicoses delirantes agudas( Wahnsinn) e as crônicas ( Verrücktheit) de acordo com as ideias e terminologia de Krafft-Ebing. Na terceira edição acrescentou apenas a troca de confusão alucinatória para o delírio agudo e a catatonia, passou a ser de acordo com as ideias de Schule.
Na quarta edição a mudança fundamental foi as paranoias e as neuroses gerais gerando uma nova classe: os processos  psíquicos degenerativos, que eram de três formas: Dementia  praecox, Catatonia, Dementia paranoides. Os enfraquecimentos psíquicos desaparecem da classificação sendo incluídos no novo grupo.
Krafft-Ebing, tinha como critério nosológico três parâmetros:a anátomo-patologia, a etiologia e a clínica como último recurso,assim como Kraepelin, que modificou apenas  a concepção declínica, apoiando-se em Falret.
A quinta edição (1896), propôs um plano geral que serve de base para todas as outras edições: Doenças mentais adquiridas, Intoxicações, Doença de nutrição , loucuras das lesões do cérebro, loucuras  involutivas, doenças mentais constitucionais, neuroses gerais, estados psicopáticos e suspensão do desenvolvimento psíquico.
Algumas observações nessa etapa de construção do manual, merecem  destaques: as psiconeuroses  desapareceram da classificação, mas foram distribuídas em outros quadros como a psicose-maníaco-depressivo, a paranóia e os processos demenciais, e estados confusionais  toxi-infecciosos ou  de esgotamento. A loucura obsedante, nas degenerescências constitucionais, a neurastenia  desapareceu do grupo  das neurose, entrando a neurose do susto, assemelhando-se a histeria de Charcot. A paranóia dividiu-se em  formas combinatórias (interpretativas) e formas fantasiosas (alucinatórias),houve  essa divisão por conta do olhar clínico de Kraepelin, gerando as  demências vesânicas secundárias (neoçogismos, autismos, desagregação e transformação da personalidade, o delírio crônico de Magnan).
A sexta edição, edição que foi seguida pelo mundo, sendo rejeitada em partes pela escola francesa de psiquiatria ,formulou um plano geral, que seria : loucuras infecciosas , loucuras de esgotamento, intoxicações, loucuras  tireogêncicas, demência precoce, demência paralítica, loucuras das lesões cerebrais, loucuras de involução, loucura maníaco-depressiva, paranóia , neuroses gerais, estados psicopáticos, suspensão do desenvolvimento psíquico.Kraepelin constrastou  as doenças mentais adquiridas de origem exógenas, com as de origem endógenas. Ktaepelin está entre os dois grandes grupos de autores , Morel e Baillarger, por causa do aspecto sistemático de seu pensamento, sendo que sua obra tem grande importância na psiquiatria alemã, mas muito dependente das ideias da escola de Illenau e de Krafft-Ebing.
Kraepelin distinguiu três entidades problemáticas em seu sistema: A paranóia  que eram delírios  precedente,que definiu assim: desenvolvimento insidioso, na dependência de causas internas e segundo uma evolução contínua, de um sistema delirante  duradouro e impossível de abalar, que se instaura com uma conservação completa da clareza e da ordem do pensamento na vontade e na ação. A loucura maníaco-depressiva  eram constituídos por três tipos de distúrbios fundamentais: distúrbio do humor, da ideação e da vontade  ,por ex. depressão do humor, lentificação ideativa e inibição psicomotora(mania pura). A demência precoce agrupou-se ao grupo dos processos demenciais, distinguindo –se em alguns pontos: a distinção entre os sintomas fundamentais ( redução afetiva, indiferença e prejuízo consecutivo da vontade,etc) e os sintomas secundários ( alucinações, ideias delirantes, automatismos etc ),foram incluídos também os estados na demência precoce os estados agudo (psico-neuroses)dos autores antigos,Kraepelin percebeu a inteligência, a memória e a orientação ficavam intactas,a afetividade, o julgamento a personalidade eram afetados primária e profundamente;o caráter nuclear da hebefrenia era predominante, e os sintomas acessórios eram móveis, polimorfos e fugazes. Kraepelin extraiu dos delírios crônicos o delírio de prejuízo senil, caracterizado pelo desenvolvimento lento progressivo fr uma fragilidade de julgamento, juntamente com ideias delirantes mutáveis e irritabilidade afetiva. Forneceu a interpretação puramente psicológica da catatonia, na qual a falta primária da iniciativa voluntária e ação simultânea ou alternada de tendências contrárias(associação por contraste) vieram substituir hipóteses neurológicas como as de Kahlbaum.

2 comentários:

  1. Olá!
    Sabe que sempre achei que demência era um problema que poderia ser somente de nascença?...pelo visto, outros fatores desenvolve a demência, é isso mesmo?
    Gostei muito do tema do post, bem interessante!!!
    Até mais.

    http://tudodoanjo.blogspot.com.br/

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  2. Oi....Obrigada pelo interesse e comentário.
    Exatamente.Existem vários fatores que contribuem para que a Demência seja desenvolvida,e entre eles está o alcoolismo e as drogas psicoativas, a falta de alimentação correta,entre vários outros fatores. O que é alarmante,é que muitas vezes,nem o paciente,nem a família percebe o princípio da doença,que quando diagnosticada,muitas vezes em estágio avançado e crônico.
    Tenho um post,sobre a doença de Alzeimer,que também fala como se desenrola os sintomas,nem sempre perceptíveis.

    Obrigada novamente!

    Abraços

    Hiliete

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